sábado, 5 de dezembro de 2009

Confiança

" A falta de confiança entre amigos é pecado que não pode ser repetido, sob pena de ser irremediável ! "

Nietzsche


Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Neste aspecto, pode-se dizer que uma relação entre pais e filhos, entre irmãos, demais familiares, cônjuges ou namorados, pode ser também uma relação de amizade, embora não necessariamente.

A amizade pode ter como origem, um instinto de sobrevivência da espécie, com a necessidade de proteger e ser protegido por outros seres. Alguns amigos se denominam "melhores amigos". Os melhores amigos muitas vezes se conhecem mais que os próprios familiares e cônjuges, funcionando como um confidente. Para atingir esse grau de amizade, muita confiança e fidelidade são depositadas.

Muitas vezes os interesses dos amigos são parecidos e demonstram um senso de cooperação. Mas também há pessoas que não necessariamente se interessam pelo mesmo tema, mas gostam de partilhar momentos juntos, pela companhia e amizade do outro, mesmo que a atividade não seja a de sua preferência.

A amizade é uma das mais comuns relações interpessoais que a maioria dos seres humanos tem na vida. Em caso de perda da amizade, sugere-se a reconciliação e o perdão. Carl Rogers diz que a amizade "é a aceitação de cada um como realmente ele é".

Popularmente, se diz que "o cão é o melhor amigo do homem".


Por outro lado, até a Bíblia Sagrada diz " Maldito o homem que confia no homem"

Amigo-da-onça

A expressão "amigo-da-onça" é utilizada para referir-se a um amigo falso, hipócrita, também chamado popularmente de "amigo-urso" em referência a uma fábula de Esopo. A expressão tornou-se bastante popular no Brasil a partir dos anos 40, quando o cartunista Péricles criou o personagem Amigo da Onça a partir de uma piada que ouvira, na qual um caçador famoso era questionado por um ouvinte inconveniente sobre como faria para matar uma onça diante de situações progressivamente mais desesperadoras (a arma falha, as balas acabam, a faca fora perdida, etc.) até finalmente desabafar: “Afinal, você é meu amigo ou é amigo da onça?”

E nesse mundo em que vivemos estamos cercados de "Amigos da Onça" , pessoas sem caráter e sem escrúpulos, que são perjuros e traem a confiança por pouco, por nada, por seus interesses apenas pessoais e por aí vão deixando um rastro atrás de si de inimizades e infortúnios.

São muito abundantes às referências à traição presente na amizade. Há muitas afirmações denunciando os falsos amigos:

Sustento como um fato que se todos os homens soubessem o que os outros dizem deles, não haveria mais do que quatro amigos no mundo.
Pascal

Os nossos amigos são o inimigo.
Pierre-Jean de Béranger

Mas será que a amizade é assim tão traiçoeira e a realidade tão negativa quanto a retratada por um Pascal ou por um Béranger?

As traições e os falsos amigos existem, obviamente. Não é isso que está em causa. Mas temos que reconhecer igualmente que há muitas razões que podem acabar ou diminuir uma amizade, sem que nisso haja propriamente traição. Nem sempre as palavras de S. Jerónimo a propósito do fim da amizade - «A amizade que pode cessar nunca foi substancial» – são verdadeiras

Mudamos as nossas ideias, os nossos gostos, os nossos interesses mudam. E isso pode também levar a que hajam amizades que se percam. As palavras de Pascal, sobre o amor, e o seu fim, também se podem aplicar à amizade:


Ele não ama mais a pessoa que amou há dez anos atrás. Acredito piamente nisso. Ela não é a mesma, e tão pouco ele o é. Ele era jovem, e ela também. (…) Talvez ele ainda a pudesse amar, se ela fosse como antes.

Por outro lado, há também a incompatibilidade entre os nossos espaços familiares e a amizade. Quando os primeiros crescem, a amizade, ou certas amizades, podem ser profundamente atingidas. É, no fim de contas, o que diz Aristóteles a propósito da amizade e da multiplicação da mesma:


Aquele que é amigo de toda a gente, não é amigo de ninguém.

É uma fatalidade. Não podemos multiplicar as nossas amizades. Nem podemos multiplicar os nossos amores. O tempo de que dispomos é escasso para alimentar muitas amizades e amores. O que dedicamos a uns, falta aos outros, inviabiliza-os.

É frequente na vida adulta: o número de amigos e as amizades cresce quando o amor à escala da família falha ou está em crise. Ou vice-versa. Ou seja: não são os nossas fraquezas ou o nosso lado mau e obscuro a liquidar as nossas amizades. É a vida, é a família.



Para encontrar um amigo temos que fechar um dos olhos. Para mantê-lo, os dois.

Norman Douglas, 1868-1952, escritor escocês, Almanac